domingo, 5 de abril de 2015

Um broche num vestido curto

Escola Normal (hoje museu regional CUCA), Rua Conselheiro Franco, década de 40


Quando eu penso em memórias me vem à cabeça um filme intenso e ensolarado de uma infância querida e não muito tardia. Considerando a Era Tecnológica que estamos vivenciando, o tempo parece ser medido de outra forma: parece ter sido à muitos anos. A primeira vez que vi um computador devia ter 10 anos e o programa mais legal era o Media Player por causa das imagens que passavam enquanto tocava a música, mas tarde veio a ser o Campo Minado e depois o Paint, e assim por diante.

Nasci e cresci numa planície semi-árida, onde cactos nascem em telhados e se mantém fortes e saudáveis até mesmo no verão, onde cigarras cantavam todos os dias pontualmente às seis da tarde e onde o céu no fim da tarde adquire tons impressionáveis de rosa e lilás que enquadram a enorme bola laranja de fogo em que o sol se transforma.

A primeira vez em que estive no CUCA foi no meu aniversário de doze anos, estava em cartaz uma peça infantil chamada Maria Minhoca - que acontecia ainda até uns dois anos atrás. Voltei alguns anos depois para tentar me matricular num curso de violão popular, mas todas as vagas estavam preenchidas. O prédio antigo sempre me chamou a atenção. Lembrava-me uma senhora já idosa e segura de si, a arte que circulava em sua atmosfera seduzia. Erguido numa rua comercial, como costuma ser o centro de Feira de Santana, se destaca sóbrio como um broche num vestido curto. Mais tarde quando passei a estudar no centro da cidade, se esgueirar escondida por entre as salas do CUCA se tornou um hábito divertido. Brincar com as teclas dos seus antigos pianos de cauda, sentar em seus bancos sob a sombra fresca de suas árvores enquanto o clima quente se fazia sentir na cidade e arrastar os amigos mais próximos para essas aventuras marcou minha adolescência. A memória é um oceano de história(s).


Fonte: Fotos da Princesa do Sertão Feira de Santana - Bahia (página do facebook)

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