"Oh beleza, onde está tua verdade?"
Skakespeare
Susan Sontag
Ensaios sobre a Fotografia
No capítulo 4 do seu livro, O heroísmo da visão, Stong
destemidamente afirma: o que leva as pessoas a fotografar é a procura da
beleza. Pode-se dizer que existe um consenso universal na beleza da natureza,
não é à toa que ela aparece exaustivamente em fotografias (principalmente entre
fotógrafos amadores) e continua a aparecer mesmo depois de desgastado. Você
seria capaz de dizer o número de imagens de pôr-dos-sóis que já viu na vida?
De fato se percorrermos as fotografias ao longo dos anos perceberemos inclusive que ela procura embelezar o feio, o triste, o repudiante até. Quando perguntada sobre o que acahava de um vernissage sobre desconhecidos, Alice, personagem do filme Closer, responde na lata: "O que eu acho de tudo isso? É uma mentira. São desconhecidos tristes e solitários fotografados com beleza, e todos aqueles que trabalham ou que dizem gostar de arte acham maravilhoso porque no fundo, todo mundo adora uma boa mentira" e volta-se para um enorme retrato seu, tirado enquanto chorava, pendurado na parede da galeria.
Quando foi apresentada ao mundo, a fotografia impressionou pelo seu registro fiel da realidade, pela exatidão das formas e do instante. Quando mais tarde, percebeu-se que os negativos e as imagens poderiam ser manipulados e que a câmera poderia mentir, o retrato tornou-se muito mais popular. Peter Burke, historiador, alerta tanto para a importância quanto para o perigo que representa o uso das imagens como registro histórico. Segundo ele a fotografia não representa a história, ela é história em si.
De fato se percorrermos as fotografias ao longo dos anos perceberemos inclusive que ela procura embelezar o feio, o triste, o repudiante até. Quando perguntada sobre o que acahava de um vernissage sobre desconhecidos, Alice, personagem do filme Closer, responde na lata: "O que eu acho de tudo isso? É uma mentira. São desconhecidos tristes e solitários fotografados com beleza, e todos aqueles que trabalham ou que dizem gostar de arte acham maravilhoso porque no fundo, todo mundo adora uma boa mentira" e volta-se para um enorme retrato seu, tirado enquanto chorava, pendurado na parede da galeria.
Quando foi apresentada ao mundo, a fotografia impressionou pelo seu registro fiel da realidade, pela exatidão das formas e do instante. Quando mais tarde, percebeu-se que os negativos e as imagens poderiam ser manipulados e que a câmera poderia mentir, o retrato tornou-se muito mais popular. Peter Burke, historiador, alerta tanto para a importância quanto para o perigo que representa o uso das imagens como registro histórico. Segundo ele a fotografia não representa a história, ela é história em si.
É claro que enquanto algumas pessoas buscam reproduzir
imagens que repitam os padrões já aceitos de beleza, outras buscam subverter e
se mostram bem dispostas a desafiá-las. Assim se considerou o modernista Weston,
que no fogo cruzado ideológico sobre a fotografia ser ou não uma arte, buscou a sensibilidade pictórica fotografando artisticamente. O que
Weston não poderia imaginar é que as noções de beleza (inclusive a sua) se banalizam
de acordo com o tempo e que sua insistência pela beleza se perde quando
consideramos a perfeição um elemento maleável.
Fotografia de Weston, o homem inovador de visão romântica
O olho de vidro da câmera quando registra algo ou alguém
pode revelar mais sobre o fotógrafo do que a coisa fotografada, assim
como, eu arrisco dizer, em todas as linguagens artísticas. A verdade válida é a
do mundo particular do fotógrafo e, quanto às correlações, deixemos para a
psicologia. O fotógrafo é um poeta a quem a realidade escorre líquida por entre
as mãos. A busca pela beleza e pela verdade é antiga e vem lá de Platão. O olho
humano sempre buscou o belo, para que negá-lo? Para que serve essa ardente
insistência do retrato da verdade absoluta? Admitamos: todo mundo adora uma boa
mentira.
Fontes:
Closer, (EUA, 2004), direção de Mike Nichols e roteiro de Patrick Marber;
BURKE, Peter. Testemunha ocular: história e imagem. Bauru: EDUSC, 2004;
Imagem 1 (http://www.cinemaemcena.com.br/plus/modulos/filme/ver.php?cdfilme=2264);
Imagem 2 (https://www.pinterest.com/petraherings/edward-weston/);
Imagem 3 (http://sharethefiles.com/forum/viewtopic.php?t=23802).
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