quarta-feira, 29 de abril de 2015

Os 7 das saias de pregas

Desfile de 7 de setembro de 1970. No primeiro plano Gildete Galeão, a baliza da Banda Santanópolis


Minha mãe sempre me contava de como gostava de desfilar no 7 de Setembro. Suas narrações tinham pouco de patriotismo. Era o entusiasmo de uma pré-adolescente usando saia de pregas e girando um bastão verde e amarelo entre as amigas, representando o colégio, centro das atenções, orgulhosa da pátria. Somando a alegria nostálgica das várias vezes em que ela me contava suas "histórias de 7 de Setembro" com as histórias de uma estudante de colégio público nos anos 70 no geral, a ideia que eu fazia de ser adolescente era a de um ser mitológico livre que passeava pela cidade usando saia de pregas.

Cresci e aos 14 anos deixei uma escola de bairro para estudar num colégio público no centro da cidade, o Colégio Modelo. A liberdade de estudante adolescente é uma experiência maravilhosa. Minha mãe provou a razão. Compareci à poucos 7 de Setembro. Meus pais não têm apego histórico e desconversavam quando me viam pequena e irritante batendo o pé para ver o desfile. Minha mãe não era mais estudante, meu pai fala pouco sobre si.

Certa vez fui sozinha. Acordei cedo e peguei um ônibus. Marquei com minha melhor amiga. Parecia micareta. À essa altura do tempo o desfile acontecia na Av. Presidente Dutra, em frente ao colégio onde eu estudava. Infelizmente para mim, já não chamavam mais os estudantes das escolas da cidade para desfilarem. Embora o meu pseudo-patriotismo inocente de adolescente quase tenha me levado ao exército, o que eu queria mesmo era desfilar usando uma saia de pregas.


Desfile de 7 de setembro de 1970, Colégio Santanópolis


Fonte das imagens:
Fotos da princesa do Sertão Feira de Santana - Bahia (página do facebook)

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